O COMEÇO DA JORNADA
- Cara! Que pancada! Ainda bem que fui jogado para fora do carro; nossa! E bem longe! O engraçado é que não está doendo nada e nem a roupa está suja, vai ser sortudo assim lá longe! Deixe eu ver como está o estado do meu carro...Incrível! Como eu saí com vida disto? Está todo retorcido, nem parece um carro, está mais para uma bola de ferro-velho...
Este é Dinei, homem jovem de trinta e cinco anos, acaba de sofrer um fatal acidente com seu carro. Dentro em pouco saberá que sua vida está radicalmente mudada ou, na verdade, recomeçando. Um dos policiais que acabaram de chegar ao local do acidente examina o carro.
- Sargento, não precisa apressar o resgate, o motorista morreu. Vamos precisar dos bombeiros para tirar o corpo daqui, não dá para saber o que é carro e o que é corpo. O capotamento deve ter sido mesmo horrível para o veículo ficar deste jeito! O coitado do cavalo ficou em três pedaços!
Dinei fica perplexo e nervoso, sem entender nada.
- Hei! Espera aí! Que papo é esse de motorista morto? Ô seu guarda, estou falando com o senhor! Eu sou o motorista, eu quem estava dirigindo, e estou vivinho da silva! Quer fazer o favor de não me virar às costas? O senhor está vendo isso, sargento? Eu estou falando com o homem e ele sai como se não me visse! É essa a educação que ensinam nos quartéis? Eu vou contar o que aconteceu: Eu estava, mais ou menos uns oitenta por hora, um pouco além daquela curva, quando apareceu, não sei de onde, esse cavalo bem no meio da estrada, só ouvi o barulho e o vidro vindo para cima de mim, a porta deve ter se aberto e me jogou para fora carro, eu caí bem ali, uns cinqüenta metros lá atrás. Mas eu estou bem, nem a roupa eu sujei, o que eu preciso agora é de um telefone para avisar minha família...
O sargento não dá a mínima atenção para o pobre Dinei que fica ainda mais nervoso.
- Coitado deste homem, e da família, não vai poder nem abrir o caixão. Provavelmente morreu de forma instantânea, não deve ter sentido nada. Que Deus o tenha.
- Assim já é demais! O que vocês pensam que são? Eu estou nervoso, acabo de passar por um acidente que quase me mata, e vocês não me dão nenhuma atenção? E você aí, ô curioso, olha para frente senão você vai bater também, esperto! Sargento olha aqui, se você não falar comigo, eu vou denuncia-lo por omissão de socorro, está me ouvindo?
Neste momento aparece Daniel, um espírito caridoso e muito sábio, amigo de muitas encarnações de Dinei. Daniel tem uma missão especial e muito difícil para realizar com seu velho companheiro de muitas vidas: Faze-lo aprender e relembrar coisas da espiritualidade em um curtíssimo espaço de tempo.
- Ele não pode ouvi-lo, Dinei.
- Como não? O homem é sargento da polícia, não pode ser surdo. Ele é um mal-educado, isso sim!
- Tenha calma, meu irmão, eu explico. Você está furioso porque ninguém presta atenção no que você diz, não é?
- É claro! Quer que eu fique contente?
- E já notou também que ninguém olha para você?
Dinei pára para pensar, observa as pessoas e o carro todo destroçado. Começa a caminhar por entre os curiosos e começa a perceber a sua nova realidade.
- É verdade...Esse aqui está olhando através de mim...Meu Deus! Eu atravessei o braço deste homem! Mãe de Deus! O que está acontecendo comigo?...Tem alguém dentro do carro...Mas estava dirigindo só! Não consigo ver quem é...Essas roupas...Aquele anel é meu!...Meu Deus me ajude!
Daniel lhe fala carinhosamente.
- Isso, meu irmãozinho, chore, você já deve estar percebendo que aquele homem nos destroços é você mesmo, não tenha medo, eu estou aqui para ajudá-lo. Você acaba de desencarnar, começa agora uma nova etapa em sua jornada...
- Quer dizer que eu morri?
- Como você quiser. Mas como você pode estar morto, se conversa comigo? Dinei, ninguém morre, apenas se transfere de vibração, como se trocasse de roupa que só serve para um fim, como um vestido de noiva, por exemplo. Aquele corpo que você animava só servia para você interagir com o plano no qual estava vivendo, o plano da matéria densa, o planeta terra.
- Está difícil aceitar isso! Eu já tinha ouvido falar sobre a vida após a morte, fantasmas, mas me tornar uma alma penada, aí já é outra coisa! E a minha família, meus amigos, eles vão saber que eu estou vivo? Que eu não morri de verdade? E se eu estou morto, cadê o céu? Ou será que você vai me levar para o inferno? O que vai ser de mim?
- Calma, meu irmão, sente-se um pouco, existe algumas coisas que você tem que compreender, mas sem pressa, eu vou tentar explicar. Agora você deve se acalmar.
- Falar é fácil, quero ver se você estivesse no meu lugar, um morto vivo...Espera aí! Você também é um fantasma! Se ninguém me vê, só você, né? Ou eu fiquei maluco, ou estou tendo um daqueles pesadelos no qual tudo parece de verdade.
- É, tudo fica muito estranho após a passagem...Eu também não pertenço mais a esse mundo, como você agora. Seu tempo aqui acabou, começa outra vida em outro plano da existência. Você teve oportunidades para conhecer o que acontece depois da morte física, mas não se importou em aprender, mas por outros motivos, eu estou aqui para ajuda-lo, nem todos tem esse benefício, viu? Está mais calmo? Vamos andando?
- Tem um cigarro aí?
- Você não tinha parado?
- Tinha, mas depois dessa, eu poderia fumar um maço inteiro, sem parar! Qual é seu nome?
- Meu nome é Daniel, e esqueça o cigarro, não existe isso na espiritualidade.
- É, pelo jeito nem um barzinho para tomar um chopp também...Deixa para lá. Daniel veja aquelas pessoas me olhando; ei, vocês aí!
Dinei vê alguns espíritos o observando sem saber que são espíritos obsessores, Daniel o repreende de imediato.
- Pare, Dinei! Não as chame!
- Mas porque? Além de você, são as únicas que me olham, talvez eu não esteja tão morto assim. Talvez eu esteja sendo enrolado nesta história toda!
- Aquelas pessoas não são boas, Dinei, elas só querem sua energia, são como vampiros, que sugam fluidos grosseiros como os que você ainda tem, esses irmãozinhos estão muito a caminho. Por isso, evite se manifestar para qualquer ser que vir, enquanto estiver-mos na crosta terrestre.
- Vampiros? Fluidos? A caminho de onde?
- Vamos por partes, meu irmão, primeiro vamos sair daqui, para um lugar mais tranquilo.
- De jeito nenhum! Eu não vou deixar eu, meu corpo, seja lá o que for, sózinho aqui não! Preciso avisar minha mãe, meus irmãos, que eu estou aqui e que não morri de verdade! Por favor, Daniel, me ajude!
- Para ajudá-lo, eu preciso que você confie em mim, Dinei, e não se importe com seu corpo, você não precisa mais dele. Quanto a sua família, no momento oportuno você irá vê-los, agora venha comigo...
- Estou sem alternativa. Eu vou com você, mas tenho que confessar que vou, porque tenho mais medo de ficar. Que Deus me abençoe!
Daniel abraça Dinei, e os dois desaparecem daquele cenário triste do desastre.
- Meu Deus do céu! Como eu vim parar aqui? E tinha que ser num lugar tão alto? Eu morro de medo de altura!...O que estou dizendo, já morri mesmo...
- Seu humor está melhorando, isso é bom. Eu escolhi este lugar porque as montanhas nos dão um horizonte maior, podemos apreciar a beleza, a força e a paz da natureza, para nos inspirar em nossa conversação.
- Este lugar é realmente lindo, onde estamos?
- Em uma ilhota no meio do Mar da China.
- Nossa! Igual a Jornada nas Estrelas, Eu posso fazer isso também, já que eu sou um fantasma?
- Um dia, quem sabe? Só vai depender de você. Deixa eu lhe responder as perguntas que você fez, quando lhe falei para não chamar aquelas pessoas, lembra?
- Sim, você disse que eram vampiros.
- E Eram. Não como os das estórias que você conhece, porque estes não querem sangue, querem energia, ou, fluidos, emanações dos seus atos e pensamentos sobre a terra.
- Explica...
- Todo o universo, em todos os planos da existência, é composto pelo fluido universal, vindo diretamente de nosso Pai Eterno. Imagine-se mergulhando, tudo a sua volta é água, assim é o fluido universal. Na sua forma mais pura, é como o ar, quase não se nota, os espíritos mais elevados e puros o sentem em sua total sublimidade, e o usam para espalhar amor pelos planos inferiores da vida. No entanto, o fluido vai ficando cada vez mais denso, quanto mais vai atravessando as camadas inferiores da criação, menos sutil se torna. Até chegar a Terra, onde já está bem materializado.
- Não entendi. Esse fluido é espiritual ou material?
- Os dois em uma coisa só. Pense em uma corda de violão, quando dedilhada com força, parece que some, não é?
- Sim.
- Pois bem, é tudo uma questão de vibração, quanto mais rápido, mais invisível. O fluido no Principio, vibra de maneira tal, que nos é impossível compreender, e como a corda, que vai lentamente reaparecendo, ele também vai ficando mais lento a cada plano que passa e por isso vai se materializando mais, ainda que invisível aos seus olhos.
- E o que tem isso a ver com os vampiros?
- Calma, eu chego lá. Para você entender isso, tem que saber mais sobre seus corpos.
- Meus corpos? E eu tenho corpo de reserva? Quer dizer que eu posso voltar em outro corpo para casa, assim que você parar de encher minha cabeça com essas coisas?
- Você tem um sorriso bem gozador, heim? Nós temos três corpos que são: O espírito, o perispírito e corpo material, quando estamos encarnados, e o tempo todo nós interagimos sobre as coisas e os seres, através dos nossos atos e pensamentos. E como nós estamos o tempo todo, sem saber, respirando fluidos, nós também criamos nossos próprios fluidos, que tomam formas de acordo com nossos sentimentos, pensamentos, bons e maus. Ou seja, somos influenciados e influenciamos no fluido que nos cerca. Voltando aos corpos, nosso Pai criou os espíritos puros e inocentes para que evoluam, e para que isso aconteça, precisam passar por muitas etapas da eternidade, sendo assim, precisam interagir com o plano em que vivem, daí a necessidade do perispírito, o corpo do espírito...Está entendendo, Dinei?
- Mais ou menos, é tudo novo para mim...Mas continua, está ficando interessante...
- Bom. Continue prestando atenção, será muito útil para você. O perispírito é então o corpo do espírito, sua forma depende do mundo em que o espírito vai habitar. No nosso caso, a forma humana. Assim, quando encarnamos neste planeta, nossos espíritos vêm a ter três corpos, imaterial, semimaterial e material. Tudo o que fazemos, pensamos e sentimos neste mundo, fica registrado no perispírito; de bom e de ruim. E como fica registrado? Através dos fluidos que criamos em nossa própria atmosfera e dos fluidos que atraímos para ela. Se tivermos bons pensamentos, criamos e atraímos bons fluidos, se fazemos más ações, criaremos e atrairemos maus fluidos. Tudo, então, que fazemos neste planeta, quando estamos encarnados, influencia o próprio planeta e o nosso perispírito. Até aqui, deu para você entender alguma coisa?
- É complicado. Se eu entendi, quer dizer que eu sou um livro aberto, você sabe tudo sobre mim só me olhando? E agora que eu morri, quero dizer, desencarnei, eu sou só espírito e perispírito. E vou ter que morrer de novo para ser só espírito, e depois, vou morrer de novo, para me tornar o que? Não é muita morte para um cara só não?
Daniel sorri com a resposta atrevida de Dinei, imagina quanto tempo vai precisar para fazê-lo compreender as coisas do espírito.
- Você quase entendeu, Dinei. Eu realmente posso ver em seu perispírito algumas formas-pensamento que não são muito boas, mas eu volto nisso depois, antes vou falar das “suas mortes”. Morte, Dinei, é inconcebível para quem acredita em Deus e em Seu Amor. Pois se Ele é Eterno e Seu Amor imensurável, tudo na criação também o é. Portanto, nada morre, tudo se transforma. O corpo que você acaba de deixar vai se decompor, pequenos seres se alimentarão dele, que por sua vez serão alimentos de outros seres, assim por diante, até que volte a ser matéria para outro corpo que nascerá um dia. Quanto ao perispírito, esse não morre, ele irá se transformando junto com você, se moldando a cada experiência evolutiva, a cada vida, neste e em outros mundos.
Assim, quando você estiver bem evoluído, cheio de amor e sabedoria, seu perispírito estará também mais sutil, quase imperceptível, depois daí nem eu mesmo sei. E o espírito, claro, é imortal, como Seu Criador.
- Daniel, por que você está me dizendo tudo isso? Eu entendi que morri, era eu dentro daquele carro, eu vi, mas você sabe e eu sei, que tudo o que você está me dizendo não faz parte da minha crença, mesmo que essa crença tenha acabado de cair por terra, já que eu estou do outro lado vivo. O que quero dizer é que você está forçando a barra, como eu vou entender tudo isso de uma só vez?
- Você não tem que entender tudo, mas precisa prestar muita atenção e guardar o máximo que puder, lhe é muito importante tudo o que ouvir e ver enquanto estiver comigo.
- Por que?
- Aguarde. Tudo a seu tempo...
- Está bem...Posso ver minha família agora?
- Ainda é cedo, vamos conversar um pouco mais. Não falamos ainda dos vampiros, lembra? Eles são seres como nós, espíritos em evolução, mas erros e ignorância os levaram a trilhar as vias do ódio e da maldade. Nesta vida de trevas, eles buscam viver apenas para satisfazer seus vícios e os baixos instintos que carregam, esquecendo-se do Bendito Amor de Nosso Pai.
- Eu sempre acreditei em Deus! Até rezava!
- Eu sei, mas nunca O amou de verdade.
- É que...
- Tudo bem, Dinei, não precisa ficar preocupado, a grande maioria dos homens não sabem amar. Mas esses irmãos são ainda mais infelizes, meu amigo, pois além de lhes faltar amor, falta a vontade de amar, que lhes possibilitariam voltar a seara do Pai. Não faltam trabalhadores da Luz tentando, sempre que possível, trazê-los de volta a senda do bem, mas é difícil convencê-los que estão errados, então esperamos e oramos ao Nosso Pai para que eles consigam enxergar a luz. Enquanto isso, eles esperam os desencarnados desavisados, que combinem seus fluidos com os deles, para se alimentar.
- Fazem mesmo como os vampiros? Chupam a nossa garganta? Como eles combinam os fluidos? Aquelas pessoas queriam a mim?
- Está ficando bem interessado, Dinei, muito bem!
- Estou mais confuso do que interessado, para dizer a verdade...
- Não exatamente, não chupam o pescoço, chupam a energia em nossa volta. Os fluidos Dinei, lembra? Tudo que se fala, se pensa, se sente, fica a nossa volta como um registro de toda a nossa vida; eles se alimentam disso, chupam essa energia de pensamentos maus, de ações ruins que impregnaram seu perispírito. Os vícios, Dinei, são uma calamidade para a humanidade e ótimo pasto para esses seres. E o pior, é que os próprios homens os atraem, sem saberem, os alcoólatras, drogados, sexo desregrado, deformados morais, tais como ladrões, assassinos, estupradores e muitos outros. Os iguais se atraem, meu irmão, tente não se esquecer, e se você for mais fraco do que eles lhe farão escravo e uma simples reserva de energia que usarão sempre que quiserem, e estou lhe dando uma visão bem moderada do que realmente acontece.
- E o que eles queriam comigo? Eu não sou nenhum bandido e nem uma pessoa que fazia coisas más com os outros. Meu único vício era o cigarro, que já larguei há cinco anos, e sempre cuidei bem da minha família, principalmente dos meus pais, então por que eu?
- Meu Deus, um santo!
- Eu não disse isso, eu só não sei por que iriam querer minha
energia, se eu não sou tão ruim assim.
- Calma, não precisa ficar nervoso. Pense bem, Dinei, você viveu na terra trinta e cinco anos, e nunca fez nada de errado? Você fumou durante quinze anos, acha que isso não prejudicou seu perispírito? Você é louco por sexo, principalmente com jovens, acha que isso não está aí, para todo mundo ver? Em quantas brigas você se meteu? Quantas vezes você xingou, amaldiçoou ou desejou mal para alguém? Tudo isso e algo mais ficam em você, enchendo de manchas seu perispírito.
- Se eu sou tão mal assim, por que você está aqui? Me manda logo para o inferno e pronto! Fica me enfiando um monte de coisas na cabeça e depois vem dizer que eu não presto? Eu não vejo nenhuma dessas marcas em mim, estou igualzinho ao que eu sempre fui. Vamos acabar com isso! Só me diz, se não for muito, como eu saio daqui e eu sigo o meu caminho de marginal, como você pensa que sou!
Daniel ri gostosamente do temperamento do seu pupilo.
- Você me mata de novo de tanto rir! Que homem nervoso! Eu não quis dizer que você não presta, meu querido irmão...
- Imagine se quisesse!
- Eu estou lhe dizendo que não existe nenhum ser humano puro sobre a terra, todos estão, de uma forma ou de outra, resgatando dívidas, pagando antigos débitos e aprendendo sempre. O único ser totalmente puro que aqui já viveu foi Jesus, para nos ensinar a amar, com o amor verdadeiro. Por isso lhe lembrei dos seus erros, não para julgá-lo, mas para você saber o que os vampiros queriam de você. Infelizmente, muitos caem nas mãos ferozes desses seres por
pura ignorância, por falta de fé, por desconhecerem que a
vida não pára nunca, que a vida na terra é apenas uma de
muitas que viverão.
- Desculpe, Daniel. Não sei se você sabe, mais eu já tive dias melhores. Principalmente nos quais eu não morri!
- Não precisa pedir desculpas, eu estou aqui porque lhe amo muito, e compreendo o que você está sentindo.
- Quem é você? Um anjo?
- Não, mas depois falaremos disso, deixe-me terminar esse assunto. Seu perispírito então, é o invólucro do seu espírito, e nele toda as suas vidas transparecem, tudo o que fez, pensou, sentiu, está indelevelmente marcado nele. Se você fumou, ele terá manchas onde mais foi prejudicado, e, talvez seja necessário que você venha a ter asma ou algo assim para purgar isso. Você nem imagina a responsabilidade que se deve ter com seu corpo, seu veiculo material. Por isso guarde bem esses ensinamentos. Mais adiante voltaremos a conversar sobre isso. Agora podemos ir.
- Nossa! Eu estou cheio de perguntas! Você fala de muitas vidas, o que quer dizer com isso? Como eu posso ter asma se já estou com o pé-na-cova? E aquela gente? Por que estão soltas por aí, se fazem tanto mal? Tem outras perguntas que eu esqueci, mas vou lembrar.
- Você é tão curioso que até esqueceu sua atual situação.
- Não esqueci, mas pelo jeito você deve me conhecer bem e sabe como eu penso, o que está feito, está feito. Meus pais a essa hora já devem estar sabendo o que aconteceu comigo, eu queria contar eu mesmo, mas quando a gente for para lá, eu digo como foi que aconteceu e pronto. Acalmo os velhos e veremos o que vai acontecer daí em diante.
- É, mais ou menos isso. Vamos então?
Dinei não perde a oportunidade de brincar com Daniel e fala como se fosse um personagem de Jornada nas Estrelas, um velho seriado de ficção científica.
- Capitão Kirk chamando Interprise, dois para subir!
Daniel segura a mão de Dinei com ternura, levando-o para o próximo destino.
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